Sobretudo

O começo foi a paixão pela papelaria. Como era bom o início das aulas com os materiais todos novinhos. Que sensação maravilhosa tatear as folhas vazias que seriam preenchidas pelo desconhecido. Enchi cadernos de escola, diários com chave e agendas decoradas. E foi justamente o hábito de escrever em um caderno artesanal que me acendeu a vontade de mostrar o que escrevo. 

O caderno era muito bonito para anotações cotidianas. Nada de listas de compras, contas, afazeres, telefones. Esse seria o meu coração encadernado. Logo na primeira página titulei: Escritos, depois batizei: I Caderno de Fazer Poemas. E assim ainda é. Diante das angústias cotidianas e de toda a beleza que há no mundo, o que pode virar palavra debulhada vai para o caderninho. 

Já as fotos foram se multiplicando e pouco eram mostradas. Certo dia percebi que eram tantas que logo seriam esquecidas no limbo digital, se tornariam arquivos velhos que quiçá um dia teria tempo de olhar novamente, relembrar... As fotografias são amadoras, feitas com uma câmera semiprofissional, sem o luxo das lentes profissionais, entretanto honram sua característica, foram feitas com amor. Algumas imagens foram inspiradoras e novos escritos surgiram a partir delas. Eis que agora está tudo libertado, jogado à flor da página, se não frutificar pelo menos em mim já deu flor.

Yara Medeiros, junho de 2014





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